byGicel

sábado, 3 de dezembro de 2011

CONTO DE PAPAI NOEL

OS TRES LEÕEZINHOS
Era uma vez, numa determinada floresta. Uma leoa-mãe havia dado à luz 3 leõezinhos bem bonitinhos: O Rax, o Rix e o Rex. Um dia o macaco, representante eleito dos animais súditos, malandro e puxa-saco, fez uma reunião com toda a bicharada da floresta e...
 
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IARA

A Iara
IARA
  Os cronistas dos séculos XVI e XVII já registravam essa história. É também conhecida como mãe-dágua No princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Todo pescador brasileiro, de água doce ou salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da bela Uiara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde. Surge magnífica à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.
Quando a Mãe das águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o índio Tapuia. Certa vez, pescando, Ele viu a deusa, linda, surgir das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde, quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa rio abaixo.
Uiara já o esperava cantando a música das núpcias. Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar outra vítima.

Origem: Européia com versões dos Indígenas, da Amazônia.

OS TRES LEOEZINHOS



OS TRES LEÕEZINHOS
lição de humildade, auto-estima e perseverança
              Era uma vez, numa determinada floresta uma leoa-mãe havia dado à luz 3 leõezinhos bem bonitinhos:  O Rax, o Rix e o Rex.  Um dia o macaco, representante eleito dos animais súditos, malandro e puxa-saco, fez uma reunião com toda a bicharada da floresta e disse:
        - Aí, galera ! Nós, os animais, sabemos que o leão é o rei dos animais, mas paira uma dúvida no ar: existem três leõezinhos fortes que estão em crescimento. Ora, a qual deles nós deveremos prestar homenagem? Quem, dentre eles, quando crescer,   deverá ser o nosso rei ?
             O Rax ?   O Rix ?  O Rex ?
 
 
Os três leõezinhos souberam da reunião e comentaram entre si:
- É verdade, a preocupação da bicharada faz sentido. Uma floresta não pode ter três reis, precisamos saber qual de nós será o escolhido. 
Mas como descobrir ? Essa era a grande questão: lutar entre si eles não queriam, pois eram irmãos e muito amigos.
O impasse estava formado. De novo, todos os animais se reuniram para discutir uma solução para o caso. Depois de usarem técnicas avançadas de reuniões, gerenciamento de crises etc e tal, eles tiveram uma ideia excelente. O macaco encontrou-se com os três felinos e contou o que a bicharada havia decidido:
- Bem, senhores leões, encontramos uma solução desafiadora para o problema. A solução está na MONTANHA DIFÍCIL.
- Montanha Difícil ? - Como assim ?      Perguntaram os três.
- É simples - ponderou o macaco - decidimos que vocês três deverão escalar a Montanha Difícil. Quem primeiro atingir o pico será consagrado o rei dos animais.
A Montanha Difícil era a mais alta entre todas as montanhas naquela imensa floresta. Cercada por um caudaloso rio, cujas águas turbulentas e profundas percorriam um perigoso despenhadeiro, a Montanha Difícil era um terror. E o desafio foi aceito. No dia combinado, milhares de animais cercaram a Montanha Difícil para assistir à grande escalada.
Rax, como era o primogênito, mais velho, tentou.  Não conseguiu.  Foi derrotado. Rix, o segundo, tentou. Caiu exausto. Foi derrotado. E chegou a vez de Rexzinho, o caçula, terceiro e mais novo. Tentou. Não conseguiu. Também foi derrotado.                      Buáááá
      
  E agora ? Afinal, qual deles seria o rei, uma vez que os três  foram derrotados ?
Os animais estavam curiosos e impacientes para saber quem seria o novo rei;  e o macaco, esperto, achava que ficaria com a coroa.
 
 
Ledo engano. Foi nesse momento que uma sábia coruja, idosa na idade e grande em sabedoria, pediu a palavra:
 
- Eu sei quem deverá ser o rei!!!   
 E todos os animais fizeram um silêncio de grande expectativa.
 
- A senhora sabe ??? Mas como ???  -  gritaram todos em uníssono, olhando para a coruja.
 - É simples - confessou a sábia coruja - Eu fiquei voando entre eles,  bem de perto e só observando. Quando eles voltaram fracassados para o vale, eu escutei o que cada um deles disse de si para si e para a Montanha Difícil.
O primeiro leão disse: - Montanha, você me venceu!
O segundo leão disse: - Montanha, você me venceu!
O terceiro leãozinho, o Rexzinho, também disse:- Montanha, você me venceu ! Mas só por enquanto!  Você, montanha, já atingiu seu tamanho final, mas eu ainda estou em fase de crescimento e aprendizagem...
- A diferença, - completou a coruja, - é que o terceiro leãozinho teve uma atitude de vencedor diante da derrota, e quem pensa assim é maior que seu problema,  é rei de si mesmo, está preparado para reinar sobre os outros, e comandar.
Os animais da floresta aplaudiram entusiasticamente ao terceiro leão que então foi coroado rei entre os animais.
 
MORAL DA HISTÓRIA:  Não importa o tamanho de seus problemas ou dificuldades que você tenha; seus problemas, pelo menos na maioria das vezes, já atingiram o clímax, já estão no nível máximo, mas você não. Você ainda está crescendo. Você é maior que todos os seus problemas juntos. Você é jovem e ainda não chegou ao limite de seu potencial e performance. A Montanha das Dificuldades tem tamanho fixo, limitado. . . E, lembrem-se daquele ditado:   "Não diga a Deus que você tem um grande problema, mas diga ao problema que o grande EU SOU é seu Deus."
 
Podemos inferir do texto, transpondo essa fábula para a vida prática, que os três leõezinhos podem ser, em uma  família humana, três irmãos, dos quais, geralmente espera-se que o mais velho venha a ser aquele sobre o qual recairão todas as expectativas dos pais; que venha a ser, na falta destes, o responsável pelos irmãos mais novos. Mas, ledo engano, às vezes poderá ser o mais novo (como no exemplo do patinho feio) quem irá vencer e ser o provedor. Pode ser o patinho feio, ou melhor, o leãozinho menor, o Rexzinho, quem irá projetar-se na vida prática e financeira. 
Rex, em latim, significa REI. Portanto, o leãozinho-rei poderá ser você, leitor/a; a Montanha Difícil pode ser aquela prova difícil que você irá enfrentar na próxima semana, pode ser que seja o famigerado  vestibular em uma faculdade pública, pode ser que seja um concurso público no qual você se inscreveu e espera ansiosamente o resultado.  Considere que você ainda é jovem, está em franco desenvolvimento, ainda está estudando... Já o macaco, esse representa aquelas pessoas que torcem para ver você cair na vida, para se dar mal e depois ficar falando: "viu, só ? eu sabia que ele ia reprovar..., eu sabia que ele não seria capaz...". A coruja, por sua vez, simboliza aquela pessoa que lhe dá bons conselhos, torce pelo seu sucesso e acredita no seu potencial. 
A floresta representa o mundo desconhecido e ameaçador, as cachoeiras, os rios caudalosos, os penhascos  e despenhadeiros representam as adversidades pelas quais você terá que passar.  Leitor, leitora, veja qual o seu lugar nessa história e na vida. Sua vida está apenas começando.
 
 







O PÁSSARO DOURADO

                 Era uma vez, há muito tempo, num reino distante, havia um rei que tinha um pomar muito belo nos fundos de seu castelo. Nesse pomar havia uma árvore que produzia maçãs de ouro muito deliciosas. Quando as maçãs amadureciam eram contadas uma a uma. Certo dia o rei notou que faltava uma maçã e então deu ordem para que todas as noites alguém ficasse vigiando a macieira.
Esse rei tinha três filhos, príncipes herdeiros, e então enviou o maior deles, ao cair da noite, a vigiar o pomar e a árvore; porém, antes da meia-noite o jovem não se conteve de sono e adormeceu profundamente. Na manhã seguinte, ao despertar, notou que faltava uma maçã. Na noite seguinte o rei enviou o filho do meio a vigiar o pomar. E da mesma forma este não teve melhor sorte que seu irmão mais velho. Adormeceu antes mesmo da meia-noite e, quando despertou na manhã seguinte, notou que faltava uma maçã na árvore. 
 
Terceira noite. Chegou a vez do menor, do caçulinha cuidar do pomar. O rei, porém, não botava muita fé no menorzinho e achava que aconteceria o mesmo com ele, e que não teria melhor sorte que seus irmãos mais velhos, motivo pelo qual não queria deixá-lo ir. O jovem, porém, pediu, implorou e insistiu tanto que o seu pai acabou consentindo. Então o caçula postou-se debaixo da árvore, ficou alerta, em vigília, e não deixou que o sono o vencesse. Ficou de olhos bem abertos e vigiando a macieira.
 
         
        À meia-noite, como era noite enluarada, ele ouviu um grande barulho no ar e viu um grande pássaro voar ao redor da árvore - suas penas eram de ouro puro e brilhavam sob a luz do luar. O pássaro pousou na macieira e bicou uma maçã. Ao fazer isso o príncipe-caçula pegou o estilingue e atirou-lhe uma pedra. O pássaro voou com a maçã no bico mas, atingido na cauda, deixou cair uma pena dourada.
 Na manhã seguinte o caçula levantou-se, pegou a pena e levou-a ao rei seu pai e contou-lhe o que vira durante a noite. O rei então reuniu os sábios do seu reino e todos foram unânimes em dizer que uma pena de ouro daquelas era raríssima, mais cara que todo o seu reino. Então o rei lhes disse:
"Se uma pena assim é tão valiosa, então de nada me adianta ter apenas uma pena dourada. Eu quero o pássaro todo, vivo."
No dia seguinte o pai chamou o filho mais velho e enviou-o em busca da ave. Ladino, pôs-se a caminho em busca do pássaro de ouro, acreditando que logo o acharia. Mal havia andado alguns quilômetros quando, ao entrar em uma floresta, viu uma raposinha à beira do caminho. 
Preparou a espingarda e mirou. A pobre raposinha suplicou:
"Por favor, não me mate. Eu vou lhe dar um bom conselho: Você está em busca do pássaro dourado, não é mesmo ?  Pois bem, hoje à tarde, antes mesmo do por do sol, você irá chegar a uma aldeiazinha. Logo na entrada, na primeira rua dessa aldeiazinha você verá duas pensões - uma diante da outra. Uma delas estará toda iluminada e com música alta. Lá só tem folia e algazarra. Não entre nessa não. Vá à outra, do outro lado da rua, mesmo que ela tenha um aspecto horrível – mas essa é boa."
 E o príncipe pensou consigo:
"Só se eu fosse muito bobo pra seguir um conselho dessa raposa tola...”
E assim pensando, apertou o gatilho da espingarda mas errou o alvo e não acertou a raposinha que esticou a cauda e os pelos e correu para dentro da floresta. Então o príncipe continuou seu caminho. Ao cair da tarde, chegou a uma aldeiazinha onde havia duas pensões, uma em frente da outra.  Numa delas, só música, festa, folia e bagunça e, na outra, silêncio e um aspecto não muito agradável aos olhos.
 
 E pensou consigo:
"Eu seria um tolo se eu me hospedasse naquela espelunca feia que mais parece uma favela e cemitério...” 
E assim dizendo, entrou na casa onde imperava a bagunça e a folia. E viveu a vida comendo e bebendo, dançando e gastando tudo.  Esqueceu-se do pássaro, do seu pai e de tudo de bom que havia aprendido.
 Como o tempo se passou e o filho mais velho não retornava, o pai enviou o filho do meio. Este se pôs a caminho em busca do pássaro dourado.  E, da mesma forma como acontecera com o seu irmão mais velho, encontrou a raposinha à beira do caminho, a qual deu-lhe conselhos. Porém ele não a ouviu. Chegando àquela aldeiazinha viu, pela janela da casa de folia, seu irmão bebendo e dançando. E lá dentro só algazarra. Seu irmão o chamou. Ele entrou e também levou a vida só no bem-bom.
 Passou-se o tempo e, como nenhum dos dois irmãos retornava, o caçula quis partir em busca do pássaro de ouro, porém seu pai não botava fé nele e não queria deixá-lo partir. Então o rei, seu pai, falou-lhe:
 "É inútil. Se seus irmãos não encontraram o pássaro dourado, você não terá melhor sorte... Você é muito pequeno... “
E tanto insistiu, e implorou o caçula que o rei, seu pai, acabou consentindo na sua partida.
  No caminho, logo na entrada da floresta, o príncipe-caçula encontrou a raposinha a qual disse-lhe que se não a matasse ela lhe daria bons conselhos. O caçula gostava de animais e adorou a raposinha, e disse-lhe:
"Fique tranqüila, raposinha bonitinha, eu não vou causar-lhe mal algum... Eu não vou matar você não..."
E a raposinha disse-lhe:
 "Meu nome é Prudência. Seguindo meus conselhos você não irá se arrepender... E para que você chegue mais depressa, suba às minhas costas."
 Nem bem o jovem havia subido às costas da raposinha esta correu como um raio, passando sobre paus e pedras, até que chegaram àquela cidadezinha. O jovem príncipe desceu e, sem olhar para os lados, seguiu o bom conselho da raposinha. Pernoitou na casa feia, porém sossegada e limpa por dentro; e adormeceu tranqüilamente.
 Na manhã seguinte, ao prosseguir seu caminho, deparou-se novamente com a raposinha à beira do caminho, a qual lhe disse:
"Eu quero continuar lhe ajudando, aconselhando e dizendo o que você deve fazer. Vá sempre em frente, direto e reto, sem olhar para os lados, até que você irá chegar a um castelo diante do qual há um batalhão de soldados, deitados. Mas não se preocupe, pois todos eles estão dormindo e roncando. Passe por entre eles, entre no castelo e vá até o último quarto. Dentro desse quarto você irá encontrar o pássaro dourado dentro de uma gaiola velha, de madeira, pendurada na parede. Ao lado dessa gaiola de madeira estará uma outra gaiola, de ouro maciço, porém vazia; tome cuidado ! Não pegue o pássaro de ouro e o coloque na gaiola dourada. Se você fizer isso algo de mal irá lhe acontecer...." 
Após dizer-lhe essas palavras, a raposinha abaixou-se, o jovem príncipe subiu-lhe às costas e esta correu tanto que até o vento zunia e assobiava.
 Chegando ao castelo o caçula encontrou tudo conforme a raposinha lhe havia dito. O príncipe foi até o quarto onde o pássaro dourado estava dentro de uma gaiola de madeira. Notou que, ao lado, pendurado na parede, havia uma gaiola de ouro. 
Então ele pensou:
“Até parece uma piada.... Já pensaram ! Eu levar um pássaro de ouro em uma simples gaiola de madeira e deixar aqui uma gaiola de ouro...??? Brincadeira, né???... . “
Assim pensando, abriu a gaiola de ouro e colocou o pássaro dourado nela.
No mesmo instante o pássaro dourado começou a piar e a  graznar muito forte e alto acordando todos os guardas do castelo, e fugiu da gaiola. O guardas do castelo entraram correndo no quarto, prenderam o príncipe-caçula e o lançaram na cadeia.
 Na manhã seguinte ele foi levado a julgamento e condenado à morte.  Porém, o rei daquele castelo disse-lhe que poderia dar-lhe uma chance e salvar-lhe a vida se lhe trouxesse o cavalo de ouro e de crina branca, o qual era mais veloz que o vento; e, ainda por cima, poderia ganhar de presente o pássaro e a gaiola de ouro.
 Triste e desconsolado o príncipe pôs-se a caminho.  Mas, onde encontrar o cavalo de ouro ?  Pensando nisso ele viu sua amiga raposinha, à beira do caminho, a qual lhe disse:
"Viu só ? Eu não lhe falei ?? Você não seguiu meus conselhos... Tudo isso lhe aconteceu porque você não deu ouvidos aos meus conselhos... Mas, coragem. Você terá outra chance. Eu vou lhe mostrar como conseguir o cavalo dourado. Você deve seguir direto e reto esse caminho, sem olhar para os lados nem para trás, até que você irá chegar a um castelo onde encontrará o cavalo dourado em um estábulo. Diante do estábulo você verá, deitados, muitos guardas, mas não se preocupe, pois eles estarão dormindo e roncando. Passe por entre eles, entre na estrebaria, pegue o cavalo e parta a galope. Mas, cuidado ! Coloque sobre ele a sela feita de madeira e couro e não a feita de ouro que estará pendurado ao lado, senão algo de ruim irá lhe acontecer..”.
 Após dizer-lhe essas palavras, a raposinha abaixou-se, o jovem príncipe subiu-lhe às costas e esta corria tanto que até o vento zunia e assobiava.  Chegando ao estábulo o caçula encontrou tudo conforme a raposinha lhe havia dito. Foi até onde o cavalo de ouro estava, com uma sela de madeira e couro.  Pendurada, ao lado, havia uma sela de ouro puro. 
Então ele pensou:
“Até parece uma piada.... Já pensaram ! Eu levar um cavalo bonito e alazão como esse com uma simples sela de madeira e couro velho?? ... E deixar aqui uma sela novinha de ouro???   Brincadeira, né ?? ... . “
Assim pensando, rechaçou a sela velha e colocou a de ouro no alazão. No mesmo instante o cavalo começou a relinchar tão alto e forte que acordou todos os guardas do castelo, os quais vieram e prenderam-no levando-o diante do rei.
Depois o jovem príncipe foi posto na cadeia.
 Na manhã seguinte ele foi levado a julgamento e condenado à morte. O rei daquele castelo, porém, disse-lhe que poderia dar-lhe uma chance e salvar-lhe a vida se lhe trouxesse a princesa que morava no castelo de ouro. Se trouxesse a princesa poderia levar de presente o cavalo e a sela de ouro.
  Muito triste e com o coração angustiado o jovem pôs-se a caminho em busca do castelo de ouro e da princesa que nele morava. Por sorte ele logo encontrou no caminho a fiel raposinha, que lhe disse:
"Eu deveria abandoná-lo à sua própria sorte, mas eu tenho pena de você e quero ajudá-lo mais uma vez. Siga esse caminho direto e reto, sem olhar para os lados nem para trás. Ao entardecer você irá chegar a um castelo dourado. Ao soar meia-noite, quando tudo estiver em silêncio, a princesa sairá para nadar na piscina. Então, assim que ela entrar na piscina, mergulhe também e beije-a. Então ela irá seguir você. Porém não a deixe despedir-se e beijar os pais, porque se você deixá-la fazer isso, algo muito ruim irá lhe acontecer."
Após dizer-lhe essas palavras, a raposinha abaixou-se, o jovem príncipe subiu-lhe às costas e esta corria tanto que até o vento zunia e assobiava.
Quando o príncipe chegou ao castelo dourado encontrou tudo conforme a raposinha lhe havia dito. Esperou dar meia-noite e, quando tudo estava calmo e silencioso a jovem e bela princesa foi até a piscina, entrou, e logo a seguir o príncipe mergulhou e deu-lhe um beijo. Ela disse-lhe então que havia gostado dele, que o amava, e que gostaria de ir embora com ele; porém, antes teria que despedir-se de seus pais. Ele, lembrando-se dos conselhos da raposinha, disse que não. Mas ela tanto chorou e implorou e beijou-lhe tanto que ele acabou consentindo que ela se despedisse dos pais.
 Logo que a jovem princesa entrou no quarto de seus pais, que estavam dormindo, beijou-os, e estes despertaram;  acordaram-se também todos que estavam dormindo no castelo. Houve uma gritaria e o jovem foi preso e colocado na cadeia.
 Na manhã seguinte o rei daquele castelo disse-lhe:
"Sua vida está por um fio, mas você poderá salvá-la se conseguir retirar esta montanha que está diante do meu castelo, montanha difícil de ser transposta e que me impede de ver o outro lado do meu reino. Mas veja bem, você tem que fazer isso no prazo de oito dias. Faça isso e você terá a mão de minha filha em casamento."
E o príncipe começou a cavar, a retirar terras, paus e pedras da base  da montanha que ficava diante do castelo. E trabalhou, e trabalhou e, no sétimo dia não havia feito muitos progressos, tinha retirado pouca terra. Cansado e exausto, caiu, desanimado e desesperançado, chorou.
 Ao entardecer do sétimo dia apareceu novamente a raposinha sua fiel amiga e disse-lhe:
"Você não merece que eu o ajude pois foi desobediente e não seguiu meus conselhos. Última chance. Deite-se e durma ali na grama que eu vou fazer esse serviço em seu lugar”
E começou a cavar.
Castelo de Neuschwanstein, na Baviera
Na manhã do oitavo dia, quando o rei acordou e olhou pela janela, a montanha havia desaparecido. Por seu turno, feliz da vida, o jovem príncipe correu ao castelo e disse ao rei que agora este teria de cumprir a palavra e a promessa e dar-lhe a mão da princesa em casamento. Então, alegres e felizes, partiram ambos, príncipe e princesa, em uma carruagem muito bonita, puxada por seis cavalos brancos.

Não demorou muito, a raposinha apareceu-lhe no caminho e falou:
- "O melhor você já conseguiu, mas acontece que o cavalo dourado  também é da princesa do castelo de ouro..."
- "Mas como eu poderei pegá-lo ?”   Perguntou o príncipe.
- “Eu vou lhe explicar. Primeiramente você apresenta ao rei daquele castelo a princesa que ele lhe pediu. Então haverá uma grande alegria naquele castelo e irão lhe dar o cavalo dourado com a sela dourada. Despeça-se de todos no castelo, um por um, e deixe de despedir-se da princesa por último. E, quando você for abraçar a princesa, agarre-a, coloque-a no cavalo e parta a galope dali, pois ninguém conseguirá pegá-los porque o cavalo dourado é mais rápido que o vento."
 E tudo aconteceu exatamente assim. Após pegar o cavalo, a sela e a princesa, partiu a galope. No caminho encontrou a raposinha que lhe disse:
"Agora irei ajudá-lo a conseguir o pássaro dourado. Quando você se aproximar do castelo onde o pássaro dourado vive, apeie do cavalo dourado e o conduza até o interior do castelo. Ao virem o cavalo dourado, haverá grande alegria naquele castelo e então irão lhe trazer o pássaro dourado na gaiola dourada. Quando você estiver com o pássaro e a gaiola na mão, monte no cavalo, pegue a princesa e parta dali a galope, pois ninguém conseguirá pegá-los porque o cavalo corre mais rápido que o vento."
E tudo aconteceu exatamente assim. Após pegar o cavalo, a sela, o pássaro dourado e a princesa, o príncipe partiu a galope.
No caminho encontrou a raposinha que lhe disse:
"Então, como você já conseguiu tudo que queria, agora é hora de você me recompensar pela ajuda que lhe prestei.”
"O que você quer em troca ? “ Perguntou o príncipe.
"Quando entrarmos na floresta, mate-me;  decepe-me a cabeça e as patas.”
E o príncipe disse:
"Mas isso seria uma ingratidão de minha parte... Isso eu não farei.” 
A raposinha falou:
"Então eu não poderei mais continuar do seu lado. Se você não fizer isso eu vou lhe abandonar; antes, porém, vou lhe dar mais um conselho: Não compre corpo de enforcado ou espancado e nem sente-se à beira de poço." 
Após falar isso a raposinha entrou na floresta.
 Então o jovem príncipe, pensou:
"Mas que bicho estranho essa raposinha... Tem cada mania estranha… Quem iria comprar carne enforcada ?? E também nunca me passou pela cabeça e nem tenho vontade alguma de sentar-me à borda de algum poço...." 
E assim pensando, ao lado da jovem princesa, cavalgando, continuou em direção ao castelo de seu pai. No caminho teve que passar por aquela cidadezinha na qual haviam ficado na bagunça seus dois irmãos mais velhos. Havia ali um tumulto e barulheira infernais. 
Perguntando sobre o que estava acontecendo, soube que dois rapazes seriam enforcados. Ao se aproximar mais, viu que eram seus dois irmãos que estavam sendo espancados e iriam ser enforcados porque haviam cometido muitos crimes naquele vilarejo e contraído muitas dívidas. Então ele perguntou ao carrasco se podia resgatá-los e libertá-los, ao que o carrasco respondeu:
 "Pagando bem, que mal tem… "
 O príncipe deu-lhes uma pena de ouro e seus irmãos foram libertados; ambos subiram em uma carruagem e se puseram em marcha rumo ao castelo do velho rei e pai.
 Chegaram novamente à floresta onde haviam visto a raposinha pela primeira vez. Os irmãos mais velhos viram um poço e, como estavam com sede, disseram:
"Pare a carruagem, deixe-nos descansar um pouco aqui à beira desse poço e beber água... "
O jovem príncipe, bobinho, consentiu. Conversa vai, conversa vem, sentou-se à beira do poço e esqueceu-se dos conselhos da raposinha. Os seus dois irmãos então empurraram-no para dentro do poço, pegaram a jovem princesa, o cavalo, a sela, o pássaro dourado e a gaiola e partiram pra casa, em direção ao castelo. Lá chegando, disseram ao velho rei e pai:
 "Pai, não trouxemos somente o pássaro dourado, mas também a gaiola dourada, o cavalo dourado, a sela dourada e a princesa do castelo de ouro." 
E a alegria naquele castelo foi imensa. Muita festa.  
O cavalo, porém, não queria comer, o pássaro não queria cantar e a jovem princesa ficava sentada a um canto, triste e chorando.
Entrementes, ao cair no poço, o jovem príncipe não morrera. Por sorte o poço estava seco e ele caíra sobre um lodo macio, sem se machucar, porém não conseguia subir porque o poço era muito fundo. Gritando e pedindo por socorro, a raposinha, sua fiel amiga, não o abandonara, veio em seu socorro, estirou-lhe a cauda e retirou-o do fundo do poço e disse-lhe para não se esquecer dos seus conselhos, acrescentando:
 "Eu não posso abandoná-lo, eu tenho que mostrar toda a verdade."
 Após dizer-lhe essas palavras a raposinha disse-lhe que o levaria até o castelo de seu pai. Abaixou-se, o jovem príncipe subiu-lhe às costas e esta corria tanto que até o vento zunia e assobiava.
A caminho do castelo a Prudência lhe dizia:  
"Você não está totalmente livre do perigo - seus irmãos não estão seguros de que você tenha morrido, por isso enviaram bandidos a lhe procurar pela floresta para então dar cabo de sua vida. Portanto, não se deixe notar.” 
Então o príncipe encontrou um mendigo pelo caminho, vestido com farrapos, e com ele trocou as roupas, motivo pelo qual, ao chegar ao castelo de seu pai não foi reconhecido. Só que, lá dentro do castelo, nesse exato momento, o pássaro dourado começou a cantar, o cavalo começou a comer e a bela princesa parou de chorar.   Notando a mudança repentina, o rei perguntou:
“O que significa isso ???”
E a jovem princesa respondeu:
"Eu não sei... Eu estava tão triste e depressiva e de repente fiquei alegre... É como se meu verdadeiro noivo estivesse por perto... “ 
Apesar de os dois irmãos malvados terem-na ameaçado de morte, caso contasse ao rei a verdade;  ela relatou ao rei o que de fato havia acontecido e o modo como os dois irmãos mais velhos procederam com o caçula.
 O rei chamou e reuniu todas as pessoas de seu reino e, dentre elas estava o jovem príncipe em trajes de mendigo. A jovem princesa logo o reconheceu, beijou-o, lançou-se ao seu pescoço e o abraçou. Os irmãos malvados foram julgados e expulsos do reino. O jovem príncipe casou-se com a bela princesa e herdou todo o reino e os tesouros.
 Mas, o que aconteceu com a raposinha ?  
Certa vez, estando o príncipe e a princesa passeando pela floresta depararam-se com a raposinha, a qual lhe disse:
    "Agora você está feliz e possui tudo que desejava. A minha sorte, porém ainda não está completa e está em suas mãos resolver meu problema. "
E tanto ela insistiu que o jovem príncipe decepou-lhe as patinhas e a cabeça.    Logo a seguir a raposinha transformou-se em um belo e forte rapaz. Para surpresa de todos esse jovem era ninguém mais que o irmão da jovem princesa e que havia sido enfeitiçado por uma bruxa malvada e transformado em raposinha. Desfeito o encanto, voltaram para o castelo e viveram felizes para sempre. O príncipe, a bela princesa e a Prudência.
 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A cidade dos vaga-lumes

A cidade era muito pequena, porem seus habitantes muito unidos. Todos sabiam de tudo. O que acontecia durante o dia, era assunto para o jantar. Viviam do cultivo de suas plantações, e em geral a colheita era sempre muito boa. Havia os que plantavam laranjas, outros café e milho e mesmo cana. Alem desta plantação todos tinham sua horta particular para o sustento da família.
Ao redor das casas viam-se arvores de frutas como goiabas, maças pêras e até parreiras de uva. Sempre ao final da colheita faziam uma grande festa na rua principal. Chegou finalmente o grande dia, e as senhoras estavam muito ocupadas com tantos pratos especiais para serem feitos. A rua estava toda enfeitada, com espigas de milho e abóboras. Usavam para enfeitar tudo que haviam colhido, ficava muito interessante de se ver. A agitação corria solta, as crianças estavam alegres pulando de um lado para o outro. Creio que toda a cidade estava presente nesta festa que acontecia o dia inteiro. A noite foi chegando e a festa continuava.
Começou a escurecer e as luzes não se acendiam! Alegres que estavam não deram muita importância ao fato. Foi escurecendo mais, e ai então ficaram preocupados. Vamos ver o que esta acontecendo... Mexeram, lidaram com os fusíveis e nada de se acenderem as lâmpadas. Acabaram ficando no escuro... Foi então que começaram a ver as luzinhas piscando em todo lugar! Mas o que é isso? Estavam sem saber o que era aquilo. Devagar tudo foi ficando quase iluminado, não era como as lâmpadas mas iluminavam! Foi quando alguém gritou bem alto;
- Os vaga-lumes...
Eram vaga-lumes pulando para todo lado, participando da festa também! Riram a vontade, continuaram a festa, pois os vaga-lumes se incumbiam de iluminar um pouco. Depois disto ficou tradição na cidade, no dia da festa nada de lâmpadas. Esperavam anoitecer para ver os vaga-lumes fazerem seu trabalho. Não acreditam? Pois vão conferir.
Onde? Na cidade dos vaga-lumes....
 

João e Maria

João e Maria


Às margens de uma floresta existia, há muito
tempo, uma cabana pobre feita de troncos de árvores, onde moravam
um lenhador, sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do
primeiro casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
Na casa do lenhador, a vida sempre fora difícil, mas, naquela
época, as coisas pioraram: não havia pão para todos.
— Mulher, o que será de nós? Acabaremos morrendo de fome. E
as criaas serão as primeiras.
— Há uma solução... – disse a madrasta, que era
muito malvada amanhã daremos a João e Maria um pedaço de
pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir um plano tão cruel, mas a mulher,
esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas criaas tinham escutado tudo, e
Maria desatou a chorar.
— E agora, João? Sozinhos na mata, vamos nos perder e
morrer.
— Não chore — tranqüilizou o irmão. — Tenho
uma idéia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um
punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da Lua e as
escondeu no bolso. Depois voltou para a cama. No dia seguinte, ao
amanhecer, a madrasta acordou as criaas.
— Vamos cortar lenha na mata. Este pão é para vocês.
Partiram os quatro. O lenhador e a mulher na frente, as criaas
atrás. A cada dez passos, João deixava cair no chão uma pedrinha
branca, sem que ninguém percebesse. Quando chegaram bem no meio da
mata, a madrasta disse:
-— João e Maria, descansem enquanto nós vamos rachar lenha
para a lareira. Mais tarde passaremos para pegar vocês.
Os dois irmãos, após longa espera, comeram o pão e, cansados e
fracos, adormeceram. Acordaram à noite, e nem sinal dos pais.
— Estamos perdidos! Nunca mais encontraremos o caminho de
casa! — soluçou Maria.
— Quando a Lua aparecer no céu acharemos o caminho de casa
— consolou-a o irmão.
Quando a Lua apareceu, as pedrinhas que João tinha deixado cair
pelo atalho começaram a brilhar, e, seguindo-as, os irmãos
conseguiram voltar à cabana.
Ao vê-los, os pais ficaram espantados. O lenhador, em seu íntimo,
estava contente, mas a mulher não. Assim que foram deitar, disse
que precisavam tentar novamente, com o mesmo plano. João, que tudo
escutara, quis sair à procura de outras pedrinhas, mas não pôde,
pois a madrasta trancara a porta. Maria estava desesperada.
— Como poderemos nos salvar desta vez?
— Daremos um jeito, você vai ver.
Na madrugada do dia seguinte, a madrasta acordou as criaas e
foram novamente para a mata. Enquanto caminhavam, Joãozinho
esfarelou todo o seu pão e o da irmã, fazendo uma trilha. Desta
vez afastaram-se ainda mais de casa e, chegando a uma clareira, os
pais deixaram as criaas com a desculpa de cortar lenha,
abandonando-as.
João e Maria adormeceram, famintos e cansados. Quando acordaram,
estava muito escuro, e Maria desatou a chorar.
Mas desta vez não conseguiram encontrar o caminho: os pássaros
haviam comido todas as migalhas. Andaram a noite toda e o dia
seguinte inteirinho, sem conseguir sair daquela floresta, e
estavam com muita fome. De repente, viram uma casinha muito
mimosa. Aproximaram-se, curiosos, e viram, encantados, que o
telhado era feito de chocolate, as paredes de bolo e as janelas de
jujuba.
— Viva!— gritou João.
E correu para morder uma parte do telhado, enquanto Mariazinha
enchia a boca de bolo, rindo. Ouviu-se então uma vozinha aguda,
gritando no interior da casinha:
— Quem está o teto mordiscando e as paredes roendo?
As criaas, pensando que a voz era de uma menina de sua idade,
responderam:
— É o Saci-pererê que está zombando de você!
Subitamente, abriu-se a porta da casinha e saiu uma velha muito
feia, mancando, apoiada em uma muleta. João e Maria se assustaram,
mas a velha sorriu, mostrando a boca desdentada.
— Não tenham medo, criaas. Vejo que têm fome, a ponto
de quase destruir a casa. Entrem, vou preparar uma jantinha.
O jantar foi delicioso, e a velha senhora ajeitou gostosas
caminhas macias para João e Maria, que adormeceram felizes. Não
sabiam, os coitadinhos, que a velha era uma bruxa que comia
criaas e, para atraí-las, tinha construído uma casinha de doces.
Agora ela esfregava as mãos, satisfeita.
— Estão em meu poder, não podem me escapar. Porém estão um
pouco magros. É preciso fazer alguma coisa.
Na manhã seguinte, enquanto ainda estavam dormindo, a bruxa
agarrou João e o prendeu em um porão escuro, depois, com uma
sacudida, acordou Maria.
— De pé, preguiçosa! Vá tirar água do poço, acenda o fogo
e apronte uma boa refeição para seu irmão. Ele está fechado no
porão e tem de engordar bastante. Quando chegar no ponto vou
comê-lo.
Mariazinha chorou e se desesperou, mas foi obrigada a obedecer.
Cada dia cozinhava para o irmão os melhores quitutes. E também, a
cada manhã, a bruxa ia ao porão e, por ter vista fraca e não
enxergar bem, mandava:
— João, dê-me seu dedo, quero sentir se já engordou!
Mas o esperto João, em vez de um dedo, estendia-lhe um ossinho de
frango. A bruxa zangava-se, pois apesar do que comia, o moleque
estava cada vez mais magro! Um dia perdeu a paciência.
— Maria, amanhã acenda o fogo logo cedo e coloque água
para ferver. Magro ou gordo, pretendo comer seu irmão. Venho
esperando isso há muito tempo!
A menina chorou, suplicou, implorou, em vão. A bruxa se
aborrecera de tanto esperar.
Na manhã seguinte, Maria tratou de colocar no fogo o caldeirão
cheio de água, enquanto a bruxa estava ocupada em acender o forno
para assar o pão. Na verdade ela queria assar a pobre Mariazinha,
e do João faria cozido.
Quando o forno estava bem quente, a bruxa disse à menina:
— Entre ali e veja se a temperatura está boa para assar
pão.
Mas Maria, que desconfiava sempre da bruxa, não caiu na
armadilha.
— Como se entra no forno? — perguntou ingenuamente.
— Você é mesmo uma boba! Olhe para mim! — e enfiou
a cabeça dentro do forno.
Maria empurrou a bruxa para dentro do forno e fechou a portinhola
com a corrente. A malvada queimou até o último osso.
A menina correu para o porão e libertou o irmão. Abraçaram-se,
chorando lágrimas de alegria; depois, nada mais tendo a temer,
exploraram a casa da bruxa. E quantas coisas acharam! Cofres e
mais cofres cheios de pedras preciosas, de pérolas...
Encheram os bolsos de pérolas. Maria fez uma trouxinha com seu
aventalzinho, e a encheu com diamantes, rubis e esmeraldas.
Deixaram a casa da feiticeira e avaaram pela mata.
Andaram muito. Depois de algum tempo, chegaram a uma clareira, e
perceberam que conheciam aquele lugar. Certa vez tinham apanhado
lenha ali, de outra vez tinham ido colher mel naquelas árvores...
Finalmente, avistaram a cabana de seu pai. Começaram a correr
naquela direção, escancararam a porta e caíram nos braços do
lenhador que, assustado, não sabia se ria ou chorava.
Quantos remorsos o tinham atormentado desde que abandonara os
filhos na mata! Quantos sonhos horríveis tinham perturbado suas
noites! Cada porção de pão que comia ficava atravessada na
garganta. Única sorte, a madrasta ruim, que o obrigara a livrar-se
dos filhos, já tinha morrido.
João esvaziou os bolsos, retirando as pérolas que havia guardado;
Maria desamarrou o aventalzinho e deixou cair ao chão a chuva de
pedras preciosas. Agora, já não precisariam temer nem miséria nem
carestia. E assim, desde aquele dia o lenhador e seus filhos
viveram na fartura, sem mais nenhuma preocupação.