byGicel

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O ANIVERSÁRIO MALASARTE

Era aniversário de Pedro Malasarte. Ele adorava uma festa, mas estava sem dinheiro para festejar o aniversário. Resolveu então, visitar o primo que tinha muito dinheiro e, certamente, lhe ofereceria alguma coisa, apesar de ser um tanto o-duro. Chegando a fazenda do primo, este o recebeu com muito entusiasmado, não pela visita, mas por economizar assim a viagem a casa do aniversariante. Entraram e o primo foi logo oferecendo:
— Ó, primo Pedro! Tenho aqui uma broa, fresquinha, que sinhá assou. É tanta que vai durar a semana inteira.
— Broa de milho, primo?
— É sim, quer um pedaço?
— Não, primo - agradeceu Malasarte - basta um cafezinho.
— Mas é seu aniversário primo, eu reconheço que sou um pão-duro, mas um pouco de cortesia ao primo o faz mal! Se quiser é só pedir.
Malasarte novamente agradeceu, porém continuou só com o café. Continuaram proseando e, em meio à prosa, o primo lhe diz:
Olha Pedro, ontem mandei matar aquele leitão capado que eu vinha engordando. Temos uma porção de torresmo e toucinho frescos que mandei preparar. Quer um pouco, pois tenho bastante?
o me diga isso! Tem muito mesmo?
— É o que lhe digo! Tenho bastante, quer?
— Nada primo, pode deixar, basta um cafezinho.
Seja dito..., mas quando quiser é só pedir.
Continuaram proseando mais e mais, até que o primo fez nova oferta:
— Pedro, faz tempo que guardo umas garrafas de cachaça. Vamos tomar uns goles para comemorar?
E é dá boa?
— Da melhor.
— Não primo, para mim basta um cafezinho.
— Não se faça de rogado que você tá em casa. Quando ficar com vontade é só pedir.
E assim, o primo de Pedro Malasarte, querendo lhe agradar pela passagem do aniversário e ao mesmo tempo percebendo que Malasarte o estava querendo lhe dar despesa, foi oferecendo um pouco de cada coisa que tinha na despensa. Malasarte ouvia e recusava; contentando-se só com o cafezinho. E continuaram nessa toada até que ouviram uma tímida batida na porta. O primo de Malasarte se levantou, abriu a porta e pegou de espiar; do lado de fora havia uma verdadeira multidão de conhecidos. O primeiro foi logo falando:
Olha, desculpa a intrusão, mas ficamos sabendo que Pedro Malasarte estava por aqui e passamos somente para dar lhe dar os parabéns.
Desconfiado, mas sem ter como recusar, o primo convidou a todos para entrar, mas foi logo avisando:
— Meus amigos! Gostaria de lhes oferecer alguma coisa, porém... quase nada tenho na despensa...
Malasarte, deixando de lado o cafezinho e interrompendo o primo, falou:
— Primo, sabe aquele torresmo, aquele toucinho, aquela broa, a cachaça, a suco de laranja, a rosca, a linguiça, e tudo mais que você me ofereceu? Agora eu até quero um pouquinho, que já me cansei desse cafezinho que tomava pra modo de esperar o pessoal chegar...
Vosmecê calcule: o primo ficou aturdido, tonteou... parecia inté que estava para dar a alma a Deus; entretanto, uma vez que o oferecido estava em vigor, acabou bancando toda a festa. Pois foi assim que Pedro Malasarte teve a sua festaa.

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